Síria: a caminho do caos
Pio Penna Filho
A Síria está a caminho do caos. Aliás, para muitos sírios o caos já é uma realidade, basta ver as imagens das cidades mais representativas da insurgência para se comprovar essa tese. O governo sírio enfrenta uma escalada perigosa das revoltas, haja vista que o envolvimento externo é cada vez maior. Muito dificilmente o governo de Bashar al Assad sobreviverá a essa crise.
A contestação política por parte dos descontentes, inicialmente de caráter pacífico, foi se radicalizando com o tempo. Por um lado, a falta de abertura e de diálogo por parte do governo foi um fator decisivo para que isso ocorresse. Por outro, a insurgência contou com um poderoso estímulo externo, inicialmente a partir dos exemplos ?bem sucedidos? da Tunísia, do Egito e da Líbia.
A radicalização trouxe um novo quadro político para o país. A violência, antes praticamente monopolizada nas ações do Estado, passou para os dois lados. A principal reivindicação dos revoltosos é, desde o início, o fim do regime ditatorial de Bashar, ou seja, sua remoção pura e simples do poder. Esse objetivo, naturalmente, foi considerado inaceitável pelo governo, que imediatamente intensificou a repressão em todos os níveis. Não negociou e aparentemente não está disposto a isso.
No caso da Síria não se trata apenas da remoção de um único governante. Todo um grupo político associado ao presidente Bashar, e vale aqui lembrar que Bashar foi o sucessor do seu pai no governo, portanto é um grupo já arraigado na administração do país há décadas, corre o mesmo risco de ser varrido do mapa político da Síria.
O destino dos ditadores derrubados na chamada Primavera Árabe certamente também repercutiu na cúpula síria. Os dirigentes dos países que passaram pelas revoltas (especialmente Egito, Líbia e Iêmen), como bem sabemos, tiveram um fim nada glorioso.
A militarização crescente da revolta na Síria está se tornando um problema internacional que pode ter repercussões gravíssimas. Os rebeldes estão armados e certamente não estão conseguindo essas armas internamente. Existem fortes indícios de que outros países estão se envolvendo ao lado dos grupos insurgentes de forma cada vez mais intensa.
Durante essa semana os russos lançaram a suspeita de que rebeldes estão sendo treinados em Kosovo (outro grande problema internacional não resolvido de todo) e a imprensa norte-americana divulgou que o governo dos Estados Unidos estaria, secretamente, entregando armas para os rebeldes. Existem também propostas em aberto de uma intervenção das Nações Unidas no país. Por sua vez, os ?amigos? do regime sírio estão em processo de extinção.
O fato é que o atual regime sírio dificilmente conseguirá se manter no poder por muito mais tempo. Não há sinais de arrefecimento e acomodação das partes envolvidas. No campo da força, embora o governo de Bashar al Assad ainda tenha uma sobrevida, o tempo e a conjuntura internacional estão mais a favor dos insurgentes. A grande questão é pensar no que acontecerá com o país após a guerra civil.
KOFI ANNAN E A DIFICULDADE DE SE CHEGAR À PAZ NA SÍRIA?
Publicado por Humor Político
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