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Pio Penna comenta a guerra civil na Síria
Síria: cerco fechado ao ditador
Pio Penna Filho*
Está cada vez mais evidente que o regime sírio do ditador Bashar al Assad se aproxima velozmente do fim. Incapaz de negociar uma transição política quando havia clima para tanto, há pelo menos dois anos atrás, o regime também se mostrou incapaz de controlar, por meio da força, a grande insatisfação de diversos segmentos da sociedade síria com uma ditadura que já vinha de longa data.
Com a escalada dos ataques e atentados em Damasco e seus arredores, ninguém em sã consciência aposta mais na continuação do regime. Até mesmo aliados de primeira hora, como os russos, já emitem sinais de que não há muito o que ser feito, a não ser preparar a retirada dos seus cidadãos que ainda estão no país e tentar garantir alguma influência no cenário pós-Bashar.
Existem rumores que representantes do próprio governo Bashar estão em meio a tratativas para esse cenário, ou seja, sondagens para asilo político, desvios de fundos e bens materiais para o exterior e coisas do gênero. É difícil imaginar a possibilidade de que as pessoas mais comprometidas com o governo consigam sobreviver ao fim do regime permanecendo no próprio país.
A guerra civil que está sendo travada na Síria é de alta intensidade e há muitos interesses envolvidos. Não se trata de um movimento unificado que tenha um projeto para o país. Portanto, o cenário pós-conflito será tumultuado, com os principais grupos tentando impor a sua visão política. Além disso, não é difícil cogitar a vontade de vingança contra aqueles que apoiaram Bahsar e, em seu nome, perpetraram atos de violência e crueldade.
Entre os opositores há um pouco de tudo. Existem aqueles que imaginam uma Síria democrática, inspirada no modelo ocidental de maior participação política, até grupos radicais islâmicos que batalham por um estado teocrático e são considerados ?terroristas? pelos Estados Unidos e seus seguidores mais fiéis, como o grupo Jabhat al Nusra, que aliás se diz vinculado à rede da Al Qaeda.
Não há como prever uma data para a queda do regime, mas é perfeitamente possível saber que esse momento está muito próximo. A evolução militar do conflito é prova cabal dessa afirmativa.
No início da guerra civil existiam poucos focos de resistência que foram severamente reprimidos pelo regime. Mesmo a intensificação do uso da força, com a utilização de blindados e bombardeios, inclusive aéreos, não foi capaz de dobrar os resistentes. O que se viu foi justamente o efeito contrário, ou seja, a deserção de milhares de militares e o voluntariado de civis que logo se juntaram aos grupos rebeldes em atuação.
Hoje, o cenário é favorável aos insurgentes e essa percepção é majoritária no país e fora dele. No plano externo, pouquíssimos são os aliados de Bashar. No interno, não existe nenhum sinal de novas adesões ao regime, mantendo o governo o apoio apenas dos grupos que já estavam comprometidos desde o início da guerra.
É triste constatar que milhares de vidas foram perdidas e outras tantas ainda o serão por pura intransigência de um governo ilegítimo e usurpador. Assim como em outros casos recentes, o tirano de Damasco terá um fim melancólico e merecido.
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