A águia e o dragão
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A águia e o dragão



A Águia e o Dragão
Pio Penna Filho
 
Estados Unidos e China são os dois grandes protagonistas contemporâneos das Relações Internacionais. Os Estados Unidos continuam como uma grande economia, uma potência militar sem comparações e ainda o país hegemônico em escala global. A China, que vem logo atrás dos Estados Unidos em termos econômicos, é também uma potência militar e um hegemon em potencial.
Alguns analistas internacionais identificam a China como a sucessora dos Estados Unidos, tanto em termos de pujança econômica como em potencial hegemônico global.
Existem muitos estudos que indicam que o centro mais dinâmico da economia mundial se deslocou do Ocidente (Europa Ocidental/Estados Unidos) para o Oriente há pelo menos duas décadas, o que também beneficia o crescimento chinês.
O fato é que os dois países, que décadas atrás chegaram a ser inimigos políticos, estão vivenciando uma fase de crescente entrosamento econômico associado a uma velada rivalidade política que tem a ver com o futuro das relações internacionais.
Enquanto os Estados Unidos desejam manter a sua condição de potência hegemônica, a China busca ser reconhecida coma uma potência de primeira linha com capacidade hegemônica, ao mesmo tempo em que necessita manter a sua economia funcionando e sempre em expansão.
Mas a economia norte-americana continua muito competitiva e a águia segue alçando voos globais. Além disso, no campo militar não há rival à altura dos Estados Unidos, que são considerados uma hiperpotência. Sua presença se dá em praticamente todos os continentes, ao contrário da China, que mantem o seu dragão preso ao território continental, embora cada vez mais robusto e forte.
Ainda no campo militar, é relevante notar que os Estados Unidos definiram a região da Ásia como a mais importante para a sua estratégia global. Não é à toa que os americanos cativam importantes aliados asiáticos, como Taiwan, Coréia do Sul e o Japão.
A tendência predominante no início do século XXI é a da manutenção do crescimento chinês e de sua destacada importância para a economia e para a política internacional em termos globais. Por outro lado, é difícil dizer que já esteja ocorrendo uma transição com o deslocamento do centro hegemônico migrando dos Estados Unidos para a China. Creio que ainda estamos um tanto longe desse cenário, embora alguma tendência se esboce nesse sentido.
A disputa entre a águia norte-americana e o dragão chinês avançará longe no século XXI. A relação entre essas duas potências globais ainda será marcada por aproximações e distanciamentos. À medida que as duas economias se entrelaçam, o grau de interdependência aumenta e isso geralmente leva também a um maior entrosamento político.
O resultado é que é cada vez mais improvável que assistamos a uma transição hegemônica violenta como as que ocorreram no passado. Certo mesmo é que todo império perece. Enfim, a vez dos Estados Unidos chegará e há uma grande probabilidade da China assumir o papel que hoje cabe aos Estados Unidos.

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Professor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB) e Pesquisador do CNPq. E-mail:[email protected]






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