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Resumo de Republica Velha até Deposição de Fernando Collor
O BRASIL DOS MOVIMENTOS SOCIAIS
A República Velha é um período marcado por forte exclusão política devido às restrições impostas aos vários segmentos da sociedade através de dispositivos presentes na Constituição de 1891. O controle político das oligarquias, principalmente os cafeicultores paulistas e mineiros, somado ao descaso do Estado com os menos favorecidos, gerou uma conjuntura favorável à eclosão de diversas revoltas sociais.
A Guerra de Canudos (1896-1897)
Este é considerado o maior movimento rural de resistência da História do Brasil. Sua trajetória está ligada à figura de Antônio Vicente Mendes Maciel, o Antônio Conselheiro, beato de origem humilde que percorreu o sertão baiano, formando a comunidade de Canudos. Conselheiro se intitulava um messias, enviado para salvar o povo nordestino da exploração do latifúndio monocultor, na seca e no descaso das autoridades governamentais. Canudos chegou a ter cerca de trinta mil pessoas, atraídas pela produção de subsistência que procurava vencer a fome. Diante deste crescimento, a comunidade começou a incomodar muitos setores - latifundiários que perdiam mão-de-obra barata e a Igreja Católica, que perdia fiéis. Um violento ataque por parte das tropas do governo, que destruiu a comunidade.
A Guerra do Contestado (1912-1916)Paraná e Santa Catarina, desde meados do século XIX, disputavam o território situado atualmente entre as cidades catarinenses de Curitibanos e Campos Novos. Por esse motivo, essa área era conhecida como região do Contestado. A região era dominada por latifundiários ligados à produção de erva-mate que, com o apoio do governo federal, marginalizavam sócio-politicamente os camponeses da região. Nesse ambiente, surgiu o beato José Maria, monge messiânico que assim como Conselheiro pregava a necessidade da formação de uma comunidade, para defender seus interesses. Assim como Canudos, a comunidade foi violentamente destruída.
O Cangaço (Região Nordeste)
Outro fenômeno da época foi o banditismo social, expresso no movimento conhecido como Cangaço, que assolou o Nordeste do Brasil de 1870 até 1940. Diante da exclusão social e da exploração dos camponeses no campo brasileiro, muitos se dedicaram à violência dos saques e assassinatos encomendados. O mais famoso cangaceiro foi Virgulino Ferreira da Silva, vulgo Lampião. Somente em 1938, portanto no governo de Getúlio Vargas, é que as tropas conhecidas como ?volantes?conseguiram dar fim ao Cangaço.
A Revolta da Vacina (Rio de Janeiro - 1904)
Durante o governo de Rodrigues Alves, o prefeito do Rio de Janeiro Pereira Passos organizou um conjunto de reformas, com o objetivo de modernizar e sanitarizar a capital federal. Reformas que demoliram os cortiços no projeto Bota Abaixo, expulsando a população mais humilde do centro do Rio de Janeiro, foco das reformas. No ano de 1903, o sanitarista Oswaldo Cruz foi indicado para secretário de saúde do Rio de Janeiro, adotando a campanha da vacinação obrigatória contra a varíola, epidemia que matava cariocas e turistas que tinham no Rio de Janeiro a porta de entrada para o Brasil. A campanha de Oswaldo Cruz conseguiu reduzir drasticamente os índices de contaminação, mas a obrigatoriedade e a brutalidade dos agentes sanitários e dos policiais que os acompanhavam, acabaram gerando a Revolta da Vacina em 1904, reprimida pelas forças governistas.
A Revolta da Chibata (Rio de Janeiro - 1910)
A revolta liderada pelo marinheiro João Cândido, contrapôs-se aos castigos corporais na Marinha, sublevando os encouraçados Minas Gerais e São Paulo, chegando a assassinar alguns oficiais presentes e a ameaçar bombardear a cidade do Rio de Janeiro, caso o governo não extinguisse os castigos. Apesar da violenta repressão aos envolvidos, o então presidente Marechal Hermes da Fonseca decretou o fim dos castigos corporais nas Forças Armadas.
O movimento operário e a Greve Geral de 1917
O processo de industrialização que avançava no Brasil fez com que se desenvolvesse uma classe operária que convivia com péssimas condições de trabalho. Não existiam férias, descanso semanal remunerado, nem se quer regulamentação dos sindicatos; as greves eram vistas como atividades criminosas, ?caso de polícia?.
Os imigrantes eram os mais procurados pelos empresários não somente pelo preconceito contra a massa de ex-escravos, mas também por uma melhor qualificação profissional, fruto de experiências anteriores nas fábricas européias. Muitos dos imigrantes que chegaram ao Brasil desde o século XIX tinham uma razoável conscientização política, sendo que nas primeiras décadas do século XX, o anarquismoera a ideologia dominante. Esta ideologia defendia a melhoria nas condições de trabalho, o combate à religião, a propriedade privada e ao Estado, visto pelos anarquistas como um instrumento de imposição de interesses das elites econômicas sobre o restante da população. Eram também contrários à formação de partidos políticos vistos com desconfiança, pois poderiam gerar um grupo de burocratas que manifestariam seus próprios interesses, marginalizando o restante dos componentes.
Diante de tais problemas, ocorreu a grande Greve Geral de 1917 em São Paulo. A greve só foi finalizada a partir da negociação entre patrões e operários, onde os trabalhadores obtiveram aumento salarial e a promessa de não punição para os grevistas.
A partir do sucesso da Revolução Russa de 1917, o socialismo passou a predominar como ideologia de luta do proletariado, a partir da defesa de uma revolução proletária capaz de criar uma ditadura que acabasse com a propriedade privada, estatizando os meios de produção. No ano de 1922, fundou-se o Partido Comunista do Brasil (PCB). Com a cassação do partido pelo governo em 1924, seus membros formaram o Bloco Operário Camponês (BOC) em 1927. O Tenentismo
A jovem oficialidade do Exército (formada basicamente por tenentes e alguns capitães) exigia a volta da participação política do Exército nas decisões referentes ao destino do Brasil. As aspirações dos tenentes estavam ligadas a questões principalmente políticas. Uma de suas principais exigências era o voto secreto, com o intuito de eliminar a fraude eleitoral e o voto de cabresto. Pretendiam eliminar os ?vícios da República? e acreditavam que eram os únicos capazes de regenerar o governo brasileiro.
A jovem oficialidade também questionava a vinculação de muitos oficiais superiores, acomodados e beneficiados pela política oligárquica. Os levantes tenentistas mais importantes foram o Levante dos 18 do Forte de Copacabana (Rio de Janeiro 1922) e a Coluna Prestes (1925-1927). Neste último movimento, cerca de 1500 tenentes liderados por Luis Carlos Prestes marcharam 25 000 km do território brasileiro para divulgar suas propostas. A ausência de propostas sociais (elitismo), como a reforma agrária reduziu o alcance das propostas entre a população e os revoltosos seguiram para o exílio na Bolívia.
Diante de diversas manifestações sociais que permearam da República Velha, grupos oligárquicos como os de Minas Gerais e Rio Grande do Sul, com apoio dos tenentistas, organizaram a Revolução de Outubro de 1930. Para eliminar a hegemonia política dos cafeicultores paulistas (elite econômica nacional), fragilizados pela Crise de 1929, esses grupos afastaram o então presidente Washington Luis (1926-1930), dando início à Era Vargas (1930-1945).
A Constituição de 1934 encarnava, em parte, as aspirações de diversos segmentos da sociedade ? as leis trabalhistas eram exigências dos operários.
Apesar disso, os primeiros anos do governo Vargas foram bastante tensos. A ascensão de Hitler e Mussolini impulsionou a criação da Ação Integralista Brasileira (AIB), de inspiração fascista, que foi organizada em 1932, por Plínio Salgado e teve grande apoio dos setores conservadores (oligarquias tradicionais, empresários, membros do alto clero e da alta hierarquia militar). Era anticomunista e defendia a formação de um regime ditatorial nacionalista e unipartidário. Já a Aliança Nacional Libertadora (ANL), sob a liderança de Luis Carlos Prestes (então convertido ao comunismo), foi fundada como oposição ao integralismo e tinha como base de apoio o movimento comunista, operários e membros da classe média. Defendia a reforma agrária, cancelamento da dívida externa, nacionalização de empresas estrangeiras e a formação de um governo popular-democrático. Porém, esta foi declarada ilegal em 1935, após a realização da Intentona Comunista (1935),que tinha em sua composição militares e elementos populares insurgidos em Natal, Recife e Rio de Janeiro, mas foram rapidamente sufocados pelo governo federal.
Usando como argumento o ?perigo vermelho?, materializado na intentona, Vargas suspendeu as garantias individuais e as eleições por tempo indeterminado, após revelar a descoberta de um suposto plano de revolução comunista no Brasil (Plano Cohen). Começava assim o Estado Novo (1937-45).
As ações repressivas da ditadura estado novista e a forte propaganda realizada pelo Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), reduziram bastante os protestos contra o governo Vargas. O presidente conseguia cristalizar a imagem de ?pai dos pobres?, de porta-voz das aspirações populares, principalmente após a Consolidação das Leis Trabalhista (CLT)em 1943. Em conjunto com o estímulo à industrialização, a CLT configurou a política modernizante de Vargas, embora muitos critiquem a ausência de reformas estruturais como a reforma agrária, conservando o latifúndio e a estrutura excludente no campo.
Apesar da aparente simpatia de Vargas pelos governos de base fascista, este entrou na Segunda Guerra Mundial (1939-45) ao lado dos Aliados, diante das pressões americanas, em 1942. Após o afundamento de navios brasileiros, supostamente realizados por alemães, o Brasil declarou guerra à Alemanha de Adolf Hitler, utilizando a Força Aérea Brasileira (FAB) e soldados da Força Expedicionária Brasileira (FEB). A participação de Vargas na II Guerra Mundial acabou gerando um grave problema para a sustentação política do Estado Novo. Vargas, governante ditatorial, entrou na II Guerra Mundial ao lado da democracia e do liberalismo dos Aliados, contrários às ditaduras nazi-fascistas. Esta contradição foi percebida pela sociedade brasileira, que passou a exigir a redemocratização do Brasil.
Frente à crescente insatisfação com o regime ditatorial, Vargas concedeu a redemocratização política, permitindo o retorno dos exilados (entre eles Luis Carlos Prestes), libertou os presos políticos, estabeleceu eleições gerais, e autorizou a formação de partidos políticos. Surgiam a UDN (União Democrática Nacional), oposição liberal a Vargas, o PSD (Partido Social Democrático), formado por industriais, banqueiros e grandes proprietários que apoiavam Vargas e o PTB (Partido Trabalhista Brasileiro), formado por setores do movimento sindical ligado a Getúlio Vargas. O PCB voltou da clandestinidade.
Temendo um novo golpe de Vargas devido à difusão do movimento queremista (?Queremos Getúlio?) criado pelo DIP, o Marechal Eurico Gaspar Dutra, candidato a presidente pela coligação PSD-PTB, afastou Vargas em 1945 em nome da democracia e da realização das eleições. Era o fim do Estado Novo.
Novo presidente ? Eurico Gaspar Dutra (1946-1951) ? e nova Constituição (1946). A opção do Brasil pelo liberalismo, em destaque após a II Guerra Mundial, era a marca dos novos tempos na política. Nas ruas, greves e protestos por conta da elevação do custo de vida. As emissões constantes de papel moeda para pagar os gastos do governo desvalorizaram a moeda e causaram inflação. Anos se passaram sem reajustes salariais. O descontentamento dos populares engrossava as fileiras do PCB que, em 1945, chegou a eleger um senador pelo Rio de Janeiro ? Luis Carlos Prestes. A reação do governo foi imediata: em 1947 o PCB foi novamente cassado, revelando a opção do Brasil pelo capitalismo liberal no contexto da Guerra Fria.
O suicídio de Vargas (25 de agosto de 1954) causou nova onda de protestos, amenizados pelo clima de euforia dos anos de crescimento econômico, industrialização e consumo de bens duráveis ? os ?anos dourados? do governo Juscelino Kubitschek (1956-61). Porém, o endividamento externo e a inflação do final do governo JK provocaram nova onda de protestos, sistematizados por três grupos, que exigiam reformas de base: as Ligas Camponesas, a UNE (União Nacional dos Estudantes) e a CGT (Central Geral dos Trabalhadores).
As pressões populares contribuíram para que o então presidente João Goulart (1961-1964) apresentasse as reformas de base do Plano Trienal (1963). Entre as medidas mais importantes do plano estava o controle da inflação, o corte de gastos públicos, desapropriação de terras com mais de 100 hectares para reforma agrária.
Nas ruas, 200 mil pessoas canalizadas em torno do Comício da Central do Brasil (13 de março de 1964) a favor das reformas de base. Porém, estas reformas fizeram com que Jango sofresse forte oposição de industriais, militares, da classe média e do capital internacional, preocupados com uma possível ?ameaça socialista?. A Marcha da Família com Deus e pela Liberdade realizada no dia 19 de março de 1964, em São Paulo, foi uma das principais manifestações da sociedade brasileira contra João Goulart.
No dia 31 de março de 1964, tropas de Minas Gerais lideradas pelo general Olympio Mourão Filho partiram com objetivo de afastar o presidente João Goulart. Mais uma vez, o ?combate ao comunismo? e a ?segurança nacional? foram os argumentos que justificaram a alteração nos rumos da política brasileira. Os Governos Militares (1964-85) fecharam as Ligas Camponesas, a UNE e a Central Geral dos Trabalhadores.
Seja por receio da ação do aparato repressivo, organizado pelas Forças Armadas e pela polícia, por concordância às práticas dos governantes ou pela sensação de desenvolvimento econômico, provocada pelo extraordinário crescimento do PIB (Milagre Brasileiro/1967-73) frente à maciça entrada de capitais estrangeiros, os protestos contra as restrições às garantias individuais impostas pelos AI?s não foram generalizados. Apesar disso, diversos grupos criticaram os limites à democracia, como o discurso do deputado do MDB Márcio Moreira Alves, incitando a população a não participar de a parada militar de 7 de setembro de 1968. Em resposta, o governo editou o AI-5(1968), que marcava o início do período de maior restrição à cidadania ? ?os anos de chumbo?.
Conforme apontamos na introdução à aula, as relações entre sociedade e Estado são dinâmicas e interdependentes. Os ?anos de chumbo? foram marcados por vários movimentos de oposição como a Passeata dos Cem Mil no Rio de Janeiro (1968), após a morte do estudante Édson Luis. Surgiram vários movimentos guerrilheiros como a ALN (Aliança Libertadora Nacional), MR-8 (Movimento Revolucionário 8 de Outubro - data da morte de Che Guevara na Bolívia em 1967), VAR-Palmares (Vanguarda Armada Revolucionária Palmares), a guerrilha do Araguaia (1969 a 1974).
A crise do Milagre Brasileiro, a partir de 1973, aresultante dívida externa, a inflação e o desemprego intensificaram os protestos contra os Governos Militares, traduzidos na crescente melhoria dos resultados eleitorais do MDB nas campanhas para deputado, senadores e vereadores. Em 1983, aoposição liderou uma intensa campanha popular pela realização de eleições presidenciais diretas em 1984, (?Diretas Já? ? 1983), uma das maiores mobilizações populares da história do Brasil. Apesar da derrota, a redemocratização do Brasil, consolidada pela Constituição de 1988, inaugurou um novo momento da política brasileira.
Ao longo da aula percebemos como as ações de grupos sociais determinaram respostas dos diversos Estados ao longo da história. Percebemos ainda as diversas manifestações sociais diante das ações do Estado. A redemocratização do Brasil não eliminou as manifestações sociais. Quando veio a público as denúncias de corrupção e desvio de verbas envolvendo o então presidente Fernando Collor (1990-1992), diversos grupos, incluindo os estudantes ?caras pintadas?, mobilizaram-se para exigir o impeachment do presidente. O movimento ?Fora Collor?, contribuiu para que o Senado aprovasse a cassação do mandato do presidente.
Só lembrando a vocês: qualquer duvida que vocês tiverem,sugestão ou critica poste um comentario!!
Abraços galera!! :)
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