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Restrição calórica pode ajudar no combate ao câncer
Pesquisa mostrou que combinar uma dieta com menos calorias ao tratamento contra a doença foi a melhor opção para aumentar a sobrevida de animais com linfoma
Restrição calórica: Pesquisa feita em animais sugere que comer menos pode ser um hábito aliado no tratamento contra o câncer (ThinkStock)
Muitos estudos já sugeriram que a restrição calórica está ligada à longevidade e a um menor risco de câncer. Agora, uma nova pesquisa mostrou que os efeitos positivos de ingerir menos calorias também podem atingir pessoas que já desenvolveram algum tumor, melhorando os resultados do tratamento contra o câncer. Segundo os autores do trabalho, que foi publicado nesta semana no periódico Blood, a descoberta pode fornecer novas informações sobre como a ingestão calórica afeta o ciclo de vida das células cancerígenas.
CONHEÇA A PESQUISA
Título original: Caloric restriction modulates Mcl-1 expression and sensitizes lymphomas to BH3 mimetic in mice?
Onde foi divulgada: periódico Blood
Quem fez: Ophélie Meynet, Barbara Zunino, Lina Happo, Ludivine A. Pradelli, Jean-Ehrland Ricci e outros
Instituição: Instituto Francês de Saúde e Pesquisas Médicas, entre outros
Resultado: A restrição calórica seguida por um determinado período pode ajudar no tratamento contra o câncer, aumentando a sobrevida do doente e diminuindo as células cancerígenas
Quando uma pessoa ingere menos calorias, a quantidade de nutrientes disponíveis para as células é menor. Consequentemente, o metabolismo celular fica mais lento, o que limita a produção de determinadas proteínas. Pesquisas anteriores sugerem que esse quadro ajuda a inibir a expressão acima do normal da proteína Mcl-1, alteração associada ao surgimento de diversos tipos de câncer. No entanto, pouco se sabia até agora sobre como a inibição dessa proteína poderia ajudar também no combate aos tumores já formados.
?Ao entendermos a ligação entre o metabolismo e os supressores de câncer que ocorrem naturalmente no corpo, talvez nós possamos melhorar a eficácia dos tratamentos e melhorar a sobrevida de pacientes que sofrem com determinados tipos da doença?, diz Jean Ehrland Ricci, pesquisador do Instituto Francês para a Saúde e Pesquisas Médicas e coordenador do estudo.
Testes ? A equipe de Ricci realizou uma série de experimentos em camundongos com linfoma, um tipo de câncer que atinge as células do sangue, para descobrir de que forma o controle da expressão da proteína Mcl-1 interfere no tratamento contra a doença.
Inicialmente, os animais foram divididos em dois grupos: os que receberam uma alimentação normal durante uma semana e os que seguiram uma dieta de restrição calórica (75% das calorias da dieta normal). Nos dez dias seguintes, parte deles foi submetida a um tratamento contra o linfoma e o restante ficou sem nenhum tratamento. Depois disso, os animais voltaram a consumir a quantidade de calorias que desejassem.
Segundo os resultados, em comparação com os animais que seguiram uma dieta normal e que não receberam tratamentos, o aumento da sobrevida somente aconteceu entre os animais submetidos a uma restrição calórica e que foram tratados. Ou seja: a combinação da restrição calórica com o tratamento, e não uma dessas abordagens isoladamente, parece ser a melhor opção para combater o linfoma.
A pesquisa mostrou que, além do aumento da expectativa de vida, a restrição calórica combinada com o tratamento também diminuiu a quantidade de células cancerígenas na corrente sanguínea dos animais. Em uma segunda fase do estudo, a equipe realizou testes laboratoriais que comprovaram que a atividade da proteína Mcl-1 havia diminuído nos animais que seguiram uma restrição calórica.
?Nossos resultados são encorajadores e sugerem que combinar a restrição calórica ao tratamento contra o câncer pode melhorar a sobrevida de um paciente?, diz Ricci. ?Esse é somente o início da nossa jornada para trazer esses resultados à prática clínica. Nosso próximo passo será examinar qual é componente da dieta de restrição calórica ? gordura, açúcar ou outro ? é responsável por influenciar as células cancerígenas e melhora o tratamento.?
Fonte: veja.abril.com.br/
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