Descoberta por cientista quatro novas espécies de mamíferos no Brasil
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Descoberta por cientista quatro novas espécies de mamíferos no Brasil


Imagem mostra uma das espécies de cuíca-de-rabo-curto, marsupial descoberto por cientista brasileira. Descrição ainda não foi feita (Foto: Divulgação/Adriano Maciel/Silvia Pavan)
Quatro novas espécies de mamíferos que vivem na Mata Atlântica e na Amazônia foram descobertas por uma cientista brasileira com a ajuda de sequenciamento genético.
São tipos diferentes de cuícas-de-rabo-curto, marsupiais que são parentes próximos do gambá, mas que, diferente de seu ?primo?, não possuem a bolsa abdominal comum em animais desta infraclasse, como o canguru, outro parente distante.
A investigação científica foi publicada na última semana na revista ?Molecular Phylogenetics and Evolution?, em artigo assinado por Silvia Pavan, Sharon Jansa e Robert Voss.
Em entrevista ao G1, Silvia, que está nos Estados Unidos, conta que pesquisa há anos o gêneroMonodelphis, ao qual pertencem as cuícas-de-rabo-curto. Esses animais podem ser encontrados desde o sul do Panamá, passando por vários biomas do Brasil, até a região central da Argentina.
O artigo afirma que das quatro espécies novas, três vivem na Amazônia e uma na Mata Atlântica. Os animais ainda não receberam um nome, já que a descrição oficial deve acontecer nos próximos anos.
De hábito terrestre, são bichos que vivem entre as folhagens de florestas, fazem ninhos em troncos ocos de árvores e podem ter capacidade de viver em tocas abaixo do solo ? uma característica que ainda precisa ser melhor estudada.
São animais que se alimentam de insetos, mas que também podem consumir pequenos vertebrados. Seu comprimento varia de 7 centímetros a 20 centímetros, e chegam a pesar entre 6 gramas e 140 gramas.
Refazendo as contas
Espécies de ?cuícas-de-rabo-curto? ilustrando diferentes padrões de coloração da pelagem: A, Monodelphis domestica (coloração uniforme); B, M. touan (laterais avermelhadas); C, M. emiliae (cabeça e lombo avermelhados); D, M. americana (listras dorsais esc (Foto: Divulgação/T. Semedo; S. Pavan; T. Semedo; D. Pavan)Espécies de ?cuícas-de-rabo-curto? ilustrando diferentes padrões de coloração da pelagem: A: Monodelphis domestica (coloração uniforme); B: M. touan (laterais avermelhadas); C: M. emiliae (cabeça e lombo avermelhados); D: M. americana (listras dorsais esc (Foto: Divulgação/T. Semedo; S. Pavan; T. Semedo; D. Pavan)
Além de descrever quatro novos animais, o trabalho de pesquisa publicado na última semana sugere alterar a quantidade de espécies de cuíca-de-rabo-curto descritas pela ciência. Até então, segundo a literatura, existem 26 variações. Mas foi possível verificar que cinco descrições eram, na verdade, repetições. Isso se esclareceu com análise genética. Assim, com as quatro novas espécies descritas no trabalho da brasileira, o total ficaria em 25.
Preservação
De acordo com a pesquisadora, ainda não é possível dizer se as novas espécies estão ou não ameaçadas de extinção. Dentre os animais já descritos, não há indicação de que estejam em risco de desaparecer da natureza, mas pouco ou nada se sabe para estabelecer o status de conservação de muitas delas.
No entanto, surpreende a ocorrência de uma cuíca desconhecida na Mata Atlântica, o bioma brasileiro mais devastado e que disputa lugar com a expansão urbana. ?Mesmo com todos os trabalhos de exploração [científica], coletas etc., não é incomum encontrar espécies que ainda não tem nome na Mata Atlântica. Isso enfatiza a necessidade de preservar o bioma. Muitas espécies podem desaparecer sem antes sabermos da sua existência?.
Somados todos os fragmentos de floresta nativa acima de 3 hectares, restam 12,5% da área original do bioma, que tinha 1,3 milhão de km² quando o Brasil foi descoberto. Essa paisagem natural é uma das mais ricas em biodiversidade, e até 60% de suas espécies de plantas são endêmicas, ou seja, só existem naquela região.
Silvia ressalta ainda sobre a necessidade de mais investimentos em pesquisa básica no país, já que esse tipo de descoberta escancara que os brasileiros sabem pouco sobre a própria biodiversidade.




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