Pio Penna Filho comenta a crise das Coreias
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Pio Penna Filho comenta a crise das Coreias





Pio Penna 

Tensão na Península Coreana
 
        A difícil e tensa relação entre as duas Coréias deveria ser levada mais a sério pela comunidade internacional. O envolvimento dos Estados Unidos na questão, com demonstrações de força, tem aumentado ainda mais a voltagem numa região já por demais delicada. Embora seja improvável, é preciso levar em consideração que o acirramento das diferenças entre Estados Unidos e Coréia do Sul versus Coréia do Norte, pode chegar a um ponto de ruptura.
        O pior cenário seria, naturalmente, a retomada da guerra em proporções maiores do que a do início da década de 1950. Na chamada Guerra da Coréia (1950-1953) quase quatro milhões de pessoas perderam suas vidas e militares norte-americanos cogitaram, inclusive, utilizar artefatos nucleares.
        É de se imaginar, portanto, que uma nova guerra na península poderá levar a vida de muito mais gente. Hoje, os dispositivos militares dos países envolvidos são bem mais destrutivos do que na década de 1950. Pode-se alegar, entretanto, que justamente por isso há uma tendência de mais moderação no emprego das capacidades militares dos contendores, mas mesmo assim trata-se de mera especulação. Pagar para ver numa situação como essa é arriscar demais.
     Não se pode descartar o imponderável. Nesse caso, o imponderável seria o emprego de força total por parte da Coréia do Norte, inferiorizada perante o confronto direto com a hiperpotência. E por força total entende-se o emprego de armas nucleares, caso de fato a Coréia do Norte já possua algum artefato nuclear operacional.
        De toda forma, independente disso, os especialistas indicam que a força convencional da Coréia do Norte produzirá um enorme estrago na Coréia do Sul. A retaliação, que certamente virá, será desproporcional e tudo indica que irá destruir, além da infraestrutura do país, o próprio governo norte-coreano.
         O que preocupa muito no momento é a quase inoperância das Nações Unidas para tentar promover uma acomodação entre as partes. Aparentemente a ONU se rendeu à intransigência norte-americana com relação ao regime norte-coreano e delegou aos Estados Unidos a condução plena das imposições ao país.
           É certo, por outro lado, que os dois últimos governos norte-coreanos demonstraram, por sua vez, grande intransigência com relação a praticamente todas as negociações envolvendo a questão nuclear; portanto, o país não está isento de culpa, principalmente pelo seu errático e arriscado comportamento político.
Essa tem sido a aposta de Pyongyang: esticar a corda ao máximo para conseguir alguma concessão sem ter que fazer nenhuma concessão em troca. O problema é que a corda pode romper a qualquer momento. Aí será tarde, ainda mais quando há animosidade demais no ar e grande disposição para o tudo ou nada.
        A ninguém interessa uma nova guerra na península coreana. Todos tem a perder, mas principalmente milhares e milhares de pessoas que perecerão em mais uma guerra sem sentido, envolvendo dois países que, na verdade, representam um único povo.


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Professor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB) e Pesquisador do CNPq. E-mail: [email protected]






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